No começo fez-se a terra e o mar. Eu vi! Eu estava lá quando as nuvens
negras deram lugar aos primeiros raios solares. Foi um grande espetáculo de
cores, luzes, vidas em
profusão. Eu vi tudo! Montes avermelhados, planícies escuras,
o céu verde misturado á água dura. Tudo em movimento, alternando cores e tons. Nos
montes ao longe, filetes de água começaram a escorrer e enquanto desciam iam
formando pequenos e grandes rios. Era a vida que começava! De cada palmo de
chão nasciam flores perfumadas e florestas imensas surgiam do nada. E fez se a
noite! No céu milhões de pontos reluzentes, as estrela do firmamento. Então ela
surgia muito linda com sua luz amarelada, a lua dos eternos apaixonados. A
aurora, então com o sol já quente, uma surpresa trouxe consigo. Ainda sem um
abrigo, milhares de vozes foram ouvidas, era os pássaros canoros com suas asas
multicoloridas num constante ir e vir. Cardumes das mais variadas espécies de
peixes saltavam nas espumas das ondas que rolavam nas areias das praias mal
formadas pelo mar. Nos galhos das grandes árvores os esquilos, macacos e outros
animais pulavam sem parar, felizes, soltos, livres, não havia ainda o perigo
que hoje existem de serem presos em jaulas, gaiolas e circos. Estava pronta a grande obra, a maior de todas, e tudo em perfeita
harmonia com o nascer do dia e a noite quando a lua aparecia. Tudo ia bem até
que você chegou e tudo começou a mudar. Sem parar para pensar no que fazia,
cada árvore que você via derrubava, e colocava uma fábrica em seu lugar. Será
que não dava para perceber que você não precisava nada fazer e que tudo tinha
sido feito para você? Sim, você era o grande motivo de toda essa obra divina!
Sem cuidado, apressado, você é o culpado de todos os atentados que a terra já
sofreu. Tudo que seria em seu beneficio foi transformado em armas que matam,
destroem. Florestas inteiras foram dizimadas, derrubadas para dar lugar ao seu
egoísmo de homem. Eu vi tudo! Terremotos, enchente e grandes tormentas! A peste
negra não foi castigo como você pensa. Foi sua falta de amor ao próximo, com sua
própria vida. Você com essa mania de saber tudo, acha que pode tudo, pensa que
é competente. Saiba que a morte de Cristo foi indecente! Eu vi tudo e verei
mais ainda. Se vi o começo, quando o fim chegar eu também estarei lá. Quem não
quiser acreditar que não acredite! Tudo é verdade e não há ninguém no mundo que
possa dizer o contrário, nem mesmo você!
Eu vi tudo, pois sou tudo! O ar e o
mar sou eu! O sol e a lua, os pássaros que cantam. Sou os peixes, os répteis e
todos os animais. Sou a árvore morta e ainda sou o broto da rosa. Eu sou tudo
isso e muito mais que você possa imaginar. Eu sou você que tenta me matar, e
sou você que luta para me salvar. Eu sou a natureza que quer acreditar que
você ainda sabe amar!
Manoel Vicente Carlos
Olá querido Manoel!
ResponderExcluirExcelente texto, meu amigo! Um protesto contra esse desrespeito não apenas pela criação divina, mas como da própria vida!
Infelizmente todos nós testemunhamos diariamente a deterioração causada pela ganância e egoísmo humano... Estava tudo ali...perfeito e pronto para ser colhido... Bastava apenas uma interação e um agradecimento... e não a destruição!
Grande beijo e parabéns por mais esse belo texto!
Jackie
Olá meu querido amigo !!!
ResponderExcluirLinda sua descrição de todas as belezas que recebemos e acabamos destruindo pelo nosso egoísmo... Vamos caminhando sem pensar nas consequências e matando tudo à nossa volta, muitas das vezes sem motivo útil ou real, simplesmente por displicência ou ignorância...
Tanta inteligência poderia ter achado outras formas e co-existir... Infelizmente ainda não chegamos a este estágio...
Um enorme abraço !!!
Olá, Manoel!
ResponderExcluirRapaz, por alguns parágrafos eu comecei a ouvir o Rauzito cantando ..."eu nasci há dez mil anos atrás..." Mas o final arrebentou! Nunca que imaginaria a própria natureza contando essa história. Parabéns, valeu cada linha lida!
Realmente, precisamos muito pensar no que está por vir, principalmente porque a terra é a terra, ela não irá sumir; no máximo nós mesmo que iremos sair pra devolver o lugar a ela.
Forte abraço!
PS: Te indiquei para o Meme Literário. Quando puder, dê uma passada no Folhetim Online para conferir.