A MINHA ÁRVORE QUE NÃO É SÓ MINHA
Cuido desta árvore desde o seu mais
tenro broto. Com carinho e persistência ela foi adubada com o bom adubo do amor
e plantada em boa terra ela cresceu forte, gerou frutos bonitos, bem formados,
saborosos. Porém, de algum tempo para cá tenho percebido que ela já não está tão
formosa como antes, e que suas folhas caem ao menor sopro de vento. Hoje caiu
mais uma folha e pude perceber que seus galhos estão secando e seu tronco
pendido e embora eu continue a adubá-la, tenho certeza que suas raízes não a
suportarão por muito mais tempo. A vida é assim! Quem sabe por mais quanto
tempo ela viverá ninguém pode dizer, mas me esforçarei para que eu possa
saborear ainda do seu último fruto.
Quando criança jamais pensei que
chegaria aos sessenta anos de idade, minha idade limite era quarenta e quatro
para quarenta e cinco anos, idade com que meu pai morreu doente do coração. Minha
mãe com cinco filhos deu um duro danado para nos criar. Faltava tudo. Dinheiro,
comida, roupa. Não faltou o amor e a força de vontade da minha mãe que não se
deixou abater. Eu se tivesse morrido com quarenta e quatro anos teria deixado
dois filhos adultos em condições de viverem sem minha ajuda, mas não morri e
hoje completando sessenta quero um pouco mais porque a árvore mesmo velha deu
um fruto temporão que, hoje com doze anos, e tenho que me esforçar para
continuar ereto para vê-lo criado, forte, com a mesma condição dos outros dois.
Quero deixar registrado o meu profundo
agradecimento à minha mãe Zenaide, que já não está mais entre nós, mas ela é a
responsável por meu estar aqui. Agradeço também aos meus irmãos Francisco,
Benedito, Antonio e especialmente a minha irmã Maria, braço direito da minha mãe,
ela que trabalhando desde criança ajudou a amenizar nossa fome. À minha esposa
Sidélia, que a trinta e oito anos me ajuda a cuidar da árvore da minha vida. Aos
meus filhos Nilson, Vinicius e Daniel, razão primeira por essa minha vontade de
continuar vivendo.
Manoel Vicente Carlos
22/01/2015
Muito legal, pai! Meus parabens de novo e que a arvore continue firme e forte por muitos e muitos anos!
ResponderExcluirOi, Manoel, há quanto tempo! Interessante o movimento que a vida fez, as perspectivas se alargaram, um novo fruto renovou sua vontade de seguir em frente, e da vida que venha o sorver de tudo de bom que ainda há de vir. Admiro árvores com raízes fortes.
ResponderExcluirUm abraço!
Blog encantador,gostei do que vi e li,e desde já lhe dou os parabéns,
ResponderExcluirtambém agradeço por partilhar o seu saber, se achar que merece a pena visitar o Peregrino E Servo,também se desejar faça parte dos meus amigos virtuais faça-o de maneira a que possa encontrar o seu blog,para que possa seguir também o seu blog. Paz.
António Batalha.